Child of the pure unclouded brow
And dreaming eyes of wonder!
Though time be fleet, and I and thou
Are half a life asunder,
Thy loving smile will surely hail
The love gift of a fairy-tail.
Nota: o texto seguinte contém spoilers. Todas as citações e ilustrações foram retiradas das obras Alice in Wonderland e Through the Looking Glass, de Lewis Carroll + John Tenniel.
A nova incursão cinematográfica de Alice pelo País das Maravilhas marca uma aproximação feliz entre dois universos fantásticos de características ideológicas semelhantes e passíveis de se complementarem, mesmo que expressos através de linguagens diferentes, o da escrita de Lewis Carroll e o do cinema de Tim Burton. No percurso cinematográfico do realizador, o filme insere-se sem surpresa numa sequência de viagens pelos reinos do conto de fadas para adultos e da fábula de contornos macabros, e que inclui, para citar alguns exemplos importantes, títulos como Eduardo Mãos de Tesoura, O Estranho Mundo de Jack (argumento original e produção), A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça e O Grande Peixe. Na carreira de Burton, é mesmo com O Grande Peixe que Alice no País das Maravilhas partilha mais semelhanças estruturais; são ambos variações sobre as mesmas temáticas (relacionadas com a recuperação de um certo espírito de criança e sua preservação para a vida de adulto) e ambos exibem uma (in)definição espacial característica: mesmo quando sabemos para qual estamos a olhar, não existe uma fronteira concreta a separar o mundo real do mundo fantástico/imaginário – dois espaços dimensionais que se entrecruzam, se completam, e se espelham numa série de inversões de lados, ângulos e simetria; qualquer acção desencadeada dentro de um deles vai gerar as devidas compensações no outro. A diferença está que em Alice a recusa de esquecer o mundo de infância parte de um mecanismo de defesa interior despoletado inconscientemente pela protagonista (o Pais das Maravilhas existe dentro de Alice), enquanto em O Grande Peixe é uma figura externa, o pai, que vai serena e pacientemente quebrar a resistência do filho e fazer-lhe ver “o caminho certo” – o da fantasia que existe e coabita com a realidade.
A propósito do choque de ideias entre estas duas notáveis personalidades, Carroll e Burton, e da qual nasceu um rebento que transcende largamente a mera adaptação, poder-se-ia quase falar numa descendência por laços de sangue e numa transmissão onerosa por herança; o legado de Carroll chegou, centena e meia de anos depois, às mãos do seu herdeiro mais dotado e habilidoso, e que tratou de lhe arranjar um invólucro à altura. O resultado é um objecto artístico fascinante e complexo que, mesmo considerando os constrangimentos inerentes ao processo de transposição do texto e dos desenhos para imagens em movimento, se revela capaz de acolher e reunir coesamente uma infinidade de ideias que de outro modo se achariam em caótica dispersão. Suspeito que por efeito das naturais complementaridades artísticas entre Burton e Carroll uma série de adaptações estruturais acabou por ocorrer espontaneamente, sem que grande esforço tenha sido necessário despender...
Mas há outros dois nomes a acrescentar a esta “equipa” que seria injusto omitir deste texto: os louros da obra de Carroll também pertencem ao ilustrador John Tenniel e os méritos do filme de Burton também pertencem à argumentista Linda Woolverton.
The cat only grinned when it saw Alice.
O trabalho de John Tenniel não é invocado ao acaso - a sua relevância no imaginário colectivo que temos de Alice e do País das Maravilhas é quase tão grande como a do próprio Carroll, mesmo que subsequente. A nível visual essa relevância será até maior. O ilustrador foi o homem que suspendeu por iniciativa própria a publicação da primeira edição do livro, em 1965, por achar que a qualidade de impressão não favorecia os seus desenhos – e este facto atesta bem a importância do seu nome na altura. Burton presta-lhe homenagem (tal como presta a Carroll) ao seguir de perto o seu trabalho na criação do aspecto gráfico das personagens e de alguns cenários para o filme – isto sem abdicar de um cunho muito pessoal e que já estamos habituados a ver de outros filme dele, bastando olhar para qualquer poster promocional para apanhar logo meio dúzia de características burtonianas (os ângulos irregulares nos objecto e as desproporções de tamanho, os galhos retorcidos nas árvores sem folhas e nas barras enferrujadas de portões de ferro, a paleta de cores “alternativas”, a presença cúmplice e furtiva do macabro…) .
Quanto a Linda Woolverton, e para além do elaborado e minucioso trabalho de correspondência e ligação de referências “interdepartamentais” (um trabalho de que Burton cuidou e tratou depois com competência e desenvoltura na altura de o mostrar ao espectador), conseguiu encontrar a dosagem certa nos ingredientes de modo a satisfazer uma diversidade de públicos que pode ser medida em duas escalas complementares: uma de idades e outra relativa à profundidade na interpretação de camadas. Nesta vertente a Disney acabou por ganhar mais do que aquilo com que contava inicialmente, já que o filme revela, quase sem se dar por ele, uma séries perspectivas adultas que passam ao lado do público mais jovem.
É extraordinário o argumento do filme e a inteligência com que pega no universo dos livros e o transforma numa fábula alegórica sobre a fase de passagem de Alice à idade adulta, um rito que encerra, por inerência, um determinado paradoxo: a protagonista vai perceber, no final, que para crescer com a felicidade que deseja há que manter a chama de criança bem viva dentro de si – uma ideia apresentada na melhor tradição de Barrie e do seu Peter Pan, obra que aliás não se fica por aqui quanto ao fornecimento de matéria-prima inspiradora para o filme de Burton. O argumento é inteligente também na forma subversiva como liga umbilicalmente a personalidade de Alice ao País da Maravilhas, um local que deixa no filme de ser o mero terreno onírico onde uma sucessão de aventuras absurdas tem lugar e passa a representar o local onde a consciência da protagonista é confrontada com a necessidade de resolução de vários dilemas pessoais. Esta ideia que traz por arrasto a questão inevitável da mensagem moralista habitual das produções Disney, e é evidente que esta fica bem explicitada no final do filme (através das curtas justificações que Alice vai dando a cada convidado quando regressa da sua viagem), mas recupero para o argumento a palavra “subversão” de modo a destacar de novo aquilo que as perspectivas de interpretação permitem ocultar ao público a quem tal mensagem é dirigida.
'I declare it's marked out just like a large chessboard!'
À primeira vista ocorre-nos uma trama narrativa de aparente simplismo que parece tornar o filme refém das capacidades de deslumbramento visual e de construção de personagens excêntricas que são o cartão-de-visita de Tim Burton. É um julgamento precipitado que leva a conclusões insustentáveis. A imensidão de camadas de leituras (como diria Shrek, o filme é como uma cebola), com infinitas possibilidades de interpretações, e a complexa teia agregadora de referências que mencionei anteriormente, qualidades que podem ser atribuídas, em igualdade de importância, ao argumento e à realização, constituem não só o mais sólido alicerce que aguenta filme de pé, mas também o cimento que une os tijolos e ainda o reboco onde a tinta colorida (essa tal vertente visual que Burton tão bem domina) vai ser espalhada.
A natureza episódica e compartimentada dos textos de Carroll é substituída no filme por enredo narrativo de continuidade, uma história com pés a cabeça, dotada de um fio condutor coeso, e que leva Alice numa viagem que não é tanto a da descoberta do adulto mas antes a da recuperação da sua identidade perdida de criança (seriamente ameaçada pela importância da tomada de decisões complicadas).
Passaram 13 anos desde que Alice (interpretada por Mia Wasikowska) passeou a última vez no País das Maravilhas. Os sonhos desse mundo continuam a visitá-la, embora cada vez com menor frequência. Alice é agora uma jovem mulher à beira da entrada na idade adulta mas em quem ainda persistem ténues sinais do inconformismo infantil que a caracterizou no passado. A recusa em usar um colete de espartilhos e um par de meias para o evento social para onde que se dirige revelam alguém que resiste a ceder perante a máquina trituradora dos costumes sociais. Ainda assim, esta Alice-ainda-criança está por um fio. É neste evento que vai ser confrontada com o dilema mais difícil da sua vida: um sim ou um não a um pedido de casamento de um jovem abastado que mal conhece, com quem nada se identifica, e que não perde uma oportunidade para a submeter perante a sua vontade. Pressionada por uma situação social desfavorável, esta união é vista pela sua mãe como um modo de garantir o sustento do bom-nome da família e a manutenção futura de uma vida próspera para a filha. É já no momento crucial dessa cerimónia, no instante em que tem de aceitar ou rejeitar a proposta, que Alice torna a ver o Coelho Branco – o coelho que a vem resgatar de uma provável renúncia a todos os sonhos de criança.
Alice deixa o candidato a noivo especado num palanque, ele e mais uma multidão de familiares atónitos à conta de tamanho acto de atrevimento, e parte a correr atrás do Coelho Branco. A sequência seguinte segue à risca o texto de Carroll. A perseguição termina à beira de um fundo buraco no solo para onde o coelho se terá enfiado. Alice escorrega lá para dentro, cai aos trambolhões por um túnel sem fim, e aterra num mundo fantástico de características físicas e temporais que não respeitam nenhuma regra lógica estabelecida. Alice encontra-se numa sala concêntrica onde existem uma série as portas trancadas e terá de desenvencilhar-se de um enigma para conseguir escapar do local. É aqui que começa a familiarizar-se (novamente) com as características do País das Maravilhas, uma vez que para abrir a porta certa vai ter socorrer-se de duas poções mágicas que lhe permitem sucessivamente encolher, aumentar, e encolher novamente.
'Curiouser and curiouser!' cried Alice...
Há um pormenor particular que introduz nesta altura o começo da separação narrativa entre as duas obras (a de Carroll e a de Burton) e que vai fornecer um dos motes temáticos para o resto do filme: quem é esta Alice? Enquanto observamos as tentativas da protagonista para conseguir utilizar a chave na porta, ouvimos um diálogo em voz-off que revela a dúvida de alguns habitantes do País das Maravilhas: será aquela a verdadeira Alice? E se é, então porque é que nos parece tão estranha e porque é que se comporta como se de nada se lembrasse? A forma como o argumento joga (e brinca) com esta dúvida inicial é fabulosa: não só os habitantes do país não têm certezas sobre a identidade desta Alice como até se envolvem numa discussão acesa por causa do assunto: o Coelho Branco chega a ser acusado de ter atraído a Alice errada lá para dentro. A Lagarta Azul, o ser sábio que mais tarde vai acompanhar (de várias maneiras) Alice na viagem de regresso a casa, começa por dizer que de facto aquela não é a Alice das visitas anteriores. A dúvida lança de tal maneira a confusão que acaba por baralhar a própria Alice – que se interroga então sobre a natureza dos seus sonhos: se aquele mundo é um sonho próprio, apenas seu, então ela não pode ser a Alice errada. Mas há alguém que ainda tem mais certezas do que ela: o Chapeleiro Louco sabe, a partir do momento em que lhe põe a vista em cima, que aquela Alice é a “criança” certa.
'Who are you?' said the caterpiller.
A dúvida sobre a identidade de Alice vai desempenhar um papel crucial no desenrolar da restante intriga, uma vez que só vai ser resolvida quando Alice tomar uma firme resolução – uma resolução que terá consequências efectivas nos dois mundos e que representará o passo definitivo para a entrada na idade adulta sem que o seu passado de criança seja traído ou esquecido. Recuando um pouco no raciocínio: nos livros de Carroll, Alice é uma personagem que não cede perante as adversidades e que apesar de todas as patifarias e joguetes a que é submetida no País das Maravilhas mantém uma personalidade serena, resoluta e decidida. Foram estas características que se apagaram ao longo dos 13 anos e são elas que estão em jogo nesta nova incursão pelo mundo dos sonhos. A Alice que regressa ao País das Maravilhas é bastante mais insegura que sua congénere mais nova e receia tomar em mãos responsabilidades importantes. A diferença de personalidade é de tal forma marcante que a leva a duvidar da sua própria identidade.
Por sua vez, e aqui a coisa começa a tornar-se verdadeiramente interessante, os habitantes deste espaço temporal no País das Maravilhas, e conforme uma velha profecia, aguardam há muito a chegada de um “campeão” para enfrentar o temível Jabberwocky, um monstro com aparência de dragão que é controlado pela tirânica Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter), e que é usado para espalhar o terror na região. O País das Maravilhas também é regido pela Rainha Branca (Anne Hathaway), irmã da Rainha Vermelha, uma figura de aspecto delicado e sensível, que recusa enfrentar a sua opositora sem ter a seu lado a figura desse “campeão”. Não há reis neste País das Maravilhas e as duas rainhas são figuras solitárias – mesmo que rodeadas de “simpatizantes”. O Rei Branco foi assassinado pelo dragão – num acontecimento que terá ditado a ruptura entre as duas irmãs - e o Rei Vermelho foi decepado pela própria esposa (por razões que deixo por revelar). Também a Alice do mundo real é uma figura sem companheiro masculino, já que o pai, seu grande amigo e protector (a pessoa que mais lhe incutia o espírito do sonho), morreu anos antes. O casamento que se lhe afigura como hipótese - e que a juntará a um novo companheiro - é a resolução que ela terá de ponderar no “mundo real”, uma resolução que ganha contornos de analogia em relação resolução que lhe pedem no País das Maravilhas: a iniciativa de vestir uma armadura, empunhar uma espada e assumir o papel de “campeão”, o tal escolhido que vai enfrentar o dragão (uma figura que neste contexto pode ser vista como representativa do medo e dos perigos do desconhecido).
Everything was happening so oddly that she didn't feel a bit surprised at finding the Red Queen and the White Queen sitting close to her, one on each side...
Entre as três mulheres (Alice e as duas Rainhas) uma relação estreita pode ser inferida: todas são representações de uma só personagem em estágios temporais diferentes. O Branco pode bem significar uma Alice-criança, resoluta mas algo perdida, delicada e inocente, enquanto o Vermelho, a Alice-adulta, aponta para um futuro já decorrente da perda dessa inocência (um futuro revelador da hipotética tragédia em que termina uma má decisão – com as palavras “sangue” e “decepação” a ganharem perturbantes significados). Finalmente, temos a Alice sem cor (que foi perdendo a roupa ao longo da viagem e para quem o Chapeleiro chega costurar um vestido na hora, feito à medida) que ainda está a tempo de reconciliar as outras duas entre si, caso seja dado o passo na direcção certa. Ainda assim, o confronto entre a criança e o adulto, o passado e o hipotético futuro, é inevitável, uma situação que deriva da insegurança da figura de Alice no momento presente. A propósito desta ideia de representação tripartida da natureza da personagem – aquela de que mais gosto de entre várias possíveis - Burton utiliza a simbologia das poções de crescimento e de encolhimento em momentos adequados da narrativa para no-lo mostrar: Alice cresce (torna-se mais velha) na presença da Rainha Vermelha, e encolhe (torna-se mais nova) na presença da Rainha Branca.
A batalha final que vai opor as duas rainhas (juntado também os restantes habitantes do País das Maravilhas), cada uma representada pelo seu “campeão” (de um lado Alice, do outro o tenebroso Jabberwocki), marca o término na indecisão da protagonista – é a vitória do poder da afirmação de Alice sobre regras sociais que lhe tentam impor, o domínio do sentimento de medo do desconhecido que a aflige, e a essencial recuperação da sua identidade.
One, two! One, two! And through and through
The vorpal blade went snicker-snack!
He left it dead, and with it's head
He went galumphing back.
The vorpal blade went snicker-snack!
He left it dead, and with it's head
He went galumphing back.
Há um detalhe interessante nesta batalha (na verdade, há bastantes…) que merece ser evidenciado: no texto original do poema “Jabberwocky”, o campeão que enfrenta o monstro é um “ele” (“he”), um pormenor que o desenho de Tenniel transfigura para o corpo de Alice (já que mostra o perfil e os cabelos compridos de uma mulher-criança) e que nesta adaptação de Burton, e no contexto de uma sociedade governada pelo poder da mulher (outra subversão à norma), deixa margem para interpretações diversas.
‘He’s in prison now, being punished...’
Ainda no campo da eficácia prática com que o argumento é enlevado pela realização, há a destacar o meticuloso trabalho na definição e adaptação das personagens de Carroll (e ainda mais umas quantas que foram inventadas para o filme) ao novo enredo, quer a nível psicológico, quer a nível visual. Nenhum papel foi desconsiderado e a grande maioria destes “seres” vê o seu protagonismo aumentado exponencialmente, excedendo os traços característicos que Carroll e Tenniel lhes haviam conferido; devido às particularidades da história, cada personagem ganha um papel mais representativo no todo envolvente. O Chapeleiro Louco (Johnny Depp) e o ilusório Gato Cheshire, sempre de sorriso à meia-lua, são agora companheiros renegados dissidentes, fiéis à causa da Rainha Branca, mas impossibilitados de assumirem esse papel abertamente (o clima é de terror e repressão social). Engraçado é o facto destas duas personagens terem entre si contas a ajustar: o Chapeleiro, que aguarda a chegada de Alice para iniciar um movimento concreto de oposição à Rainha Vermelha, considera que o Gato traiu a causa e se acobardou num momento decisivo do conflito, e o Gato, por sua vez, incapaz de contrariar a versão do Chapeleiro, vai adiando a discussão até que lhe surja uma oportunidade para expiar a culpa. E se os textos de Carroll perdem no filme uma boa parte dos enigmas, dos jogos semânticos e dos trocadilhos linguísticos que formavam o grosso da obra escrita, Burton e Woolverton compensam essa ausência com a transcrição ipsis verbis de excertos dos livros para diálogos e para situações concretas entre as personagens (com o Chapeleiro Louco a ganhar a maior fatia das deixas), e com a inclusão de alguns dos episódios dos livros ao longo da narrativa. Dois exemplos: a já citada sequência da entrada de Alice pela toca do coelho, e a cena em que a Rainha Vermelha tenta descobrir quem lhe roubou as tartes.
'Tut, tut, child!' said the Duchess. 'Everything's got a moral if only you can find it.'
A própria a Rainha Vermelha do filme, e no que respeita à aparência, é uma junção de duas personagens do livro: aquela que lhe é sua homónima e uma outra a quem chamam de Duquesa e que tem um cabeça desproporcionalmente grande, uma deformação que no filme vai ser utilizada para um gag sugestivo, algo a ver com uma série de próteses usadas pelos membros da sua corte. Vou falar, por fim, do capitão da guarda desta rainha, alguém de quem não me recordo dos livros de Carroll: o Valete de Copas é uma personagem ambígua e sinistra, que de pala no olho enceta uma perseguição sem tréguas a Alice (Peter Pan novamente?), que parece cortejar a ocupante do trono, e que serve que nem uma luva no actor que o interpreta, Crispin Glover – um eterno secundário de culto que vai coleccionando papéis alucinados (e que longe já vai a saga de Regresso ao Futuro e do papá George McFly…).
Alice no País das Maravilhas é um dos melhores filmes de Tim Burton, uma obra de fantasia moderna, ambiciosa, sustentada numa simplicidade narrativa ilusória e numa estrutura interpretativa de uma complexidade que não é deste mundo, e que exibe argumentos suficientes para se destacar de tudo o que foi feito nos últimos anos dentro do género (incluindo Bússolas Douradas, Crónicas de Narnia, Harry Potters e Senhores dos Anéis).
Ever drifting by the stream –
Lingering in the golden gleam –
Life, what is it but a dream?
Sem comentários:
Enviar um comentário